Assim nos escreveu S. Paulo: “Vós próprios sabeis que o dia do Senhor chega de noite como um ladrão”.
A verdade é que o dia da última vinda de Cristo não ficou marcado na agenda. Ou melhor, ficou mas sine die, isto é, sem data.
Que Jesus voltará ao nosso encontro é uma verdade de fé; que nós partiremos ao encontro de Jesus é uma realidade natural.
Nós, de facto, morremos! Sem dia nem hora marcados (isto quando não violamos a ordem natural das coisas).
A morte, rampa de lançamento para o encontro com o Senhor, surge tantas vezes da forma mais imprevisível e repentina … surpreendendo-nos como um ladrão que nos irrompe pela casa dentro durante a noite enquanto dormimos.
S. Paulo alerta-nos para que o clima de paz e segurança, de conforto e de prosperidade, de saúde e de riqueza … não nos anestesie nesta necessidade de vigiarmos e de sermos sóbrios.
Significa isto que, mesmo que esteja tudo bem na vida, não podemos desligar o coração da nossa espera atenta pelo Senhor.
E mesmo que as coisas estejam mal, não deixemos que elas nos ceguem a esperança de que o Senhor virá!
Temos de estar sempre prontos e preparados para O recebermos com convém!
Irmãos: a nossa vida não pode ser como a dos outros… sem fé, sem esperança, sem os olhos postos no Céu! Não nos deixemos adormecer na fé, na esperança… não desistamos de estar em “estado de alerta” para a vinda do Senhor!
Se deixamos morrer a fé e a esperança no Senhor que vem, também morre a caridade… porque tudo deixa de ter sentido, nada mais importa… entre fazer o bem e o mal, tanto vale.
Somos filhos da luz a quem Deus, por Cristo e em Cristo, destinou não à sua ira mas à posse da salvação.
Mas para isso, para que permaneçamos com o bilhete que nos dá acesso à posse da salvação, e que nos foi entregue pela Paixão-Morte-Ressureição de Cristo, temos de permanecer unidos a Ele: quer estejamos acordados quer durmamos.
Não somos zombies, homens e mulheres sonâmbulos, que caminham no mundo adormecidos para as realidades celestes, porque inebriados e anestesiados pelas coisas mundanas!
Não professemos a nossa fé como homens e mulheres de espíritos impuros. Não basta dizer: “Sei que és o Santo de Deus”!
É preciso que saibamos bem o que é que Jesus Cristo tem haver connosco e que tenhamos a certeza de que Ele não veio para nos perder mas sim para nos salvar!
Irmãos: se estais conscientes disso – e acredito que estejais pois subistes a serra ao encontro da humana criatura mais perfeita no seguimento de Jesus Cristo, Nossa Senhora, a primeira e mais excelsa dos discípulos de seu Filho – continuai a rezar, procurai conhecer e viver as “bem-aventuranças” … todos os dias esforçai-vos por serdes bem-aventurados nos caminhos de Deus!
E porque somos fracos e pecamos, continuai a aproximar-vos do sacramento da reconciliação, com espírito contrito mas animado pelo desejo de ser santo.
Implorai a misericórdia de Deus que nos ama e perdoa e pedi-Lhe a graça de terdes nas vossas mãos a mão de Nossa Senhora da Serra que vos leve como Mãe, pela mão, até ao colo do Pai.
Ámen.
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