Sobre as palavras de Jesus que nos diz «o Espírito Santo,
que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará
tudo o que Eu vos disse» comenta o afamado pregador português, Padre
António Vieira:
Jesus fala «para todos, porque todos ouvem; mas não ensina
a todos, porque uns aprendem, outros não. E qual é a razão desta diversidade,
se o mestre é o mesmo e a doutrina a mesma? - Porque, para aprender, não basta
só ouvir por fora: é necessário entender por dentro. Se a luz de dentro é
muita, aprende-se muito; se pouca, pouco; se nenhuma, nada».
Continua o seu raciocínio dizendo «Para converter almas,
não bastam só palavras: são necessárias palavras e luz. Se quando o pregador
fala por fora, o Espírito Santo alumia por dentro, se quando as nossas vozes
vão aos ouvidos, os raios da sua luz entram ao coração, logo se converte o
mundo».
Por uma parte são necessárias as palavras do pregador. Todavia,
que poderá fazer o pregador se fechados estão os ouvidos que o deveriam escutar
e cerrados os seus corações à luz de Deus? Que vale ao pregador pregar se os
olhos daqueles que o deviam escutar estão abismados nos ponteiros do relógio e
os seus corações ocupados – apinhados -- pelas coisas mundanas e pouco ou
nenhum espaço resta para as coisas do Alto?
«Quem Me não ama não guarda a
minha palavra», diz Jesus. Quando se ama, horas passadas junto da pessoa
amada são meros segundos. Qual é o casal de apaixonados que passa o tempo a
seguir com os olhos os ponteiros do relógio ou as tontas moscas que rodopiam no
ar, em vez de se falarem e se escutarem, se conhecerem e manifestarem o seu
mútuo amor?
Prossegue Jesus: «Quem Me ama
guardará a minha palavra, e meu Pai o amará; Nós viremos a Ele e faremos nele a
nossa morada». Acolher, guardar e aprofundar o conhecimento da Palavra de
Jesus é abrir a em nós a possibilidade de Deus nos vir habitar. Para nisso nos
ajudarem, servem-nos os pregadores e serve-nos escutá-los.
Por outra parte, são necessários os
raios de luz do Espírito Santo. Mas como pode o Espírito do Amor de Deus, que
sempre respeita a liberdade dos seres humanos, entrar no coração daqueles que
não se predispõe a acolhê-lo e a acreditar? E como se predispor a acolher o
Espírito Santo e a acreditar em Deus?
«Bendiz, ó minha alma, o Senhor», diz
o salmista. A oração é sempre caminho para entrar na casa de Deus e para deixar
Deus fazer sua morada em nós. A oração sincera que brota do profundo do coração
e do mais elevado da alma. Um diálogo com ansioso desejo para começar mas sem pressas
para terminar: de duas partes que procuram todo o instante possível para se
encontrarem. O diálogo com o Amado, mais que para pedir, para oferecer elogios
e louvores de amor.
«Como são grandes, Senhor, as vossas
obras!», exclama o salmista, o homem ou mulher orante, que observando a beleza
do mundo que o rodeia e contemplando a beleza da obra criada, admira a beleza
incomensurável do Criador. Não se fixa demasiado nas coisas criadas, mas
passando por elas o olhar, dirigir a atenção para o criador.
«Todos de Vós esperam», é a atitude do
apaixonado por Deus, porque em Deus põe o centro da sua atenção, a âncora da
sua esperança, e n´Ele confia mais que em tudo. O que espera em Deus mantêm o
coração aberto para o acolher e os sentidos numa atenção vigilante, atentos ao
caminho da vida, aos sinais dos tempos, para que não deixem de encontrar Deus
nas suas manifestações mais discretas e nos momentos mais imprevisíveis.
«Se mandais o vosso espírito, retomam
a vida e renovais a face da terra». Assim acredita quem ama a Deus, acredita no
poder de Deus, confia que o Senhor pode fazer maravilhas e renovar todas as
coisas. Deseja que o Espírito de Deus venha transformar todas as coisas segundo
a sua vontade santa. Deixa-se transformar pela vontade santa de Deus.
Que o nosso coração deseje procurar a
Deus com pressa, a não se afastar de Deus à pressa, oferecer a Deus louvores, a
esperar pacientemente - de Deus - as bênçãos, a colaborar ativamente na
renovação que Espirito Santo ambiciona operar em nós, a fim de fazer de nós morada
sua...
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