A profissão da fé da Igreja na
Santíssima Trindade, Deus Único e Indivisível, realmente existente na relação
de três pessoas dotadas da mesma natureza divina, acompanha a teologia
cristã desde os primórdios da edificação da Igreja.
A Sagrada Escritura está repleta de
referências a Deus-Pai, a Deus-Filho (Jesus Cristo), e a Deus-Espírito Santo. É
notória também a relação continua entre as três pessoas, atual mesmo quando se
expressa a ação individual de cada uma das pessoas da Trindade.
Santo Agostinho, incontornável
filósofo cristão, apelidado como Doutor da Trindade, procurou explicar na sua
obra «A Trindade», que ele demorou dezasseis anos para redigir (entre 400 e 416),
o que pôde desvendar da realidade misteriosa do Deus Uno e Trino que, ainda
assim, permanece “na luz inacessível” (1Tm 6.13-16).
Para este santo, «Deus é
incompreensível, mas não incognoscível», isto é, pode ser conhecido mesmo
que não possa ser completamente compreendido. Afinal, diz o profeta Isaías:
«Se não crerdes, não entendereis» (Is 7.9) e assim, o intelecto vive
procurando compreender aquele que a fé encontrou e conheceu.
«O Pai, o Filho e o Espírito Santo
são, cada um deles, Deus. E os três são um só Deus», diz St.
Agostinho. E diz ainda que são inconfundíveis pois: «o Espírito Santo
não é o Pai nem o Filho. O Pai é só Pai, o Filho unicamente Filho, e o Espírito
Santo unicamente Espírito Santo. Os três possuem a mesma eternidade, a mesma
imutabilidade, a mesma majestade, o mesmo poder». Por isso, diz Agostinho:
quando alguém «ouvir dizer que o Pai é um só Deus, não separe o Filho e o
Espírito Santo, porque com Ele são um só Deus».
«Os diferentes nomes aplicados
a cada uma das três pessoas na Trindade, traduzem relação recíproca» o
Pai distingue-se enquanto Pai por gerar o Filho, e o Filho distingue-se enquanto
Filho por ser gerado. O Espírito Santo, procedente de ambos, é a relação de
amor que os une: o amor comum pelo qual o Pai e o Filho se amam.
Os três são coeternos pois a relação
de geração e procedência realizou-se fora do tempo, antes do tempo ser criado. No
tempo da salvação, o Espírito Santo torna-se dom, dado por Deus à humanidade
e assim, «o mesmo Espírito que une o Pai e o Filho, tornando-os um, também une
os cristãos em uma só igreja».
São Paulo diz-nos que «o amor de Deus
foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado». Esse
amor que une Deus fez-se dom para a humanidade para também nos unir como irmãos
e nos unir a Deus como participantes da família divina da Santíssima
Trindade.
Jesus, Filho-Deus do Deus-Pai,
encarnou na nossa natureza humana para a redimir do pecado e reestabelecer a
amizade entre Deus e a humanidade.
Deus-Pai e Deus-Filho, partilhando
connosco o seu Espírito Santo, laço de amor que Os une, partilhou connosco a vida
da Trindade. O Espírito Santo, une-nos ao Pai e ao Filho similarmente como
une o Filho e o Pai: ensina-nos a conhecer e acreditar no Pai como
único Deus verdadeiro e também em Jesus Cristo a quem um dia enviou; ajuda-nos
a rezar com fervor de coração clamando Abbá, Pai, por meio do nome de
seu Filho.
Tudo o que o Pai tem é de Jesus e o
Espírito Santo o recebe para nós anunciar. Ele, Espírito da Verdade, não falará
de Si mesmo mas falar-nos-á da Unidade Trinitária de que é participante,
para dela nos fazer comungar.
Que a nossa vontade seja
inflamadíssima do Amor divino, o Espírito de Amor, que vem para habitar em
nós e nos fazer habitar nele, fazendo de nós irmãos de Deus-Filho, filhos de
Deus-Pai e templos de Deus-Espírito Santo.
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