Sob o sinal
sensível de “forte rajada de vento”, sopro da boca de Jesus ou “uma espécie de
línguas de fogo” (cf. Ex 19,16.18; Dt 4,36) a Liturgia da Palavra
apresenta-nos hoje, dia de Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa, a descida
Espírito Santo de Deus sobre os Apóstolos.
O
Evangelho de S. João
coloca a comunicação do Espírito Santo por Jesus no próprio dia da
Ressurreição, para sublinhar que o Espírito Santo é dom do Ressuscitado.
Por sua vez,
S. Lucas coloca o envio do Espírito Santo em dia de Pentecostes, dia em
que os Judeus celebram a chegada ao Monte Sinai de onde receberam de
Deus, por Moisés, as tábuas da Lei. Lucas quer assim sublinhar que o Espírito
Santo é a nova Lei dos cristãos, que substitui a Lei antiga e que habitando
o coração dos discípulos os rege interiormente, cumprindo-se a profecia de
Ezequiel: “Dentro de vós porei o meu Espírito, fazendo com que sigais as
minhas leis e obedeçais e pratiqueis os meus preceitos” (Ez 36, 27)..
Celebra-se também
neste dia o início da missão da Igreja. Ela, comunidade crente que foi
fundada por Jesus Cristo, recebe agora a força motora para cumprir o mandato
do Senhor de ir pregar o Evangelho, batizar todas as criaturas, perdoar os
pecados: no fundo, fazer com que todos os homens ouçam proclamar nas suas
línguas as maravilhas de Deus.
A comunidade
dos cristãos é continuadora da missão que o Pai confiou a Jesus e que que
Jesus confia agora aos discípulos: “como o Pai Me enviou, também Eu vos
envio a vós”.
Para os
auxiliar na missão, Jesus promete-lhes “o Consolador, o Espírito Santo, que
o Pai enviará” para lhes ensinar todas as coisas e os lembrar de tudo quanto
lhes disse.
Inflamada
pelo Espírito Santo, a comunidade viva e unida dos discípulos
missionários não é somente continuadora da missão de Cristo mas é também uma
nova presença de Cristo, uma nova forma de Cristo estar presente no mundo.
Jesus Cristo está presente na sua Igreja e no mundo, também mediado pela sua
Igreja.
A Igreja,
templo de Deus habitado pelo Espírito Santo (cf. 1 Cor 3, 16) é
santuário do Deus vivo (2 Cor 6, 16). Fonte inesgotável de Vida, o Espírito
Santo, transforma, renova, orienta, anima, fortalece, constrói comunidade,
fomenta a unidade, transmite aos discípulos a força de se assumirem como
arautos do Evangelho de Jesus.
É o
Espírito Santo que dá eficácia à missão evangelizadora da Igreja: conclui a
preparação dos discípulos para anunciar o Evangelho, transforma-os em
testemunhas coerentes da mensagem que pregam, confere eficácia aos sacramentos,
abre os corações dos que escutam a pregação e faz com que adiram a Jesus Cristo
e integrem a comunidade da salvação. É o Espírito Santo que quebra as
barreiras de raça, de língua, de cultura, de geografia permitindo que os
homens e mulheres de todos os povos possam escutar a proclamação “das
maravilhas de Deus”.
É o Espírito
que transforma aquele grupo dos discípulos que estava fechado dentro de quatro
paredes, incapaz de superar o medo, de arriscar, sem iniciativa e sem a coragem
de dar testemunho… transforma-os numa comunidade unida, sem medo, que
ultrapassa as suas limitações humanas e testemunha bem alto a sua fé em Jesus
ressuscitado.
Seremos
também nós comunidade do Espírito Santo? O Espírito clarifica as coisas, varre
o medo, abre as portas, limpa as teias de aranha que a passagem do tempo deixa
acumular, aponta os caminhos que devem ser percorridos, esbate as diferenças e
apresenta ao mundo uma Igreja com um rosto belo, renovado e corajoso.
Seremos
nos Igreja aberta às inspirações do Espírito Santo que faz novas todas as
coisas, Igreja corajosa para anunciar, alegre para testemunhar e aberta para
acolher? Que o
Divino Espírito Santo nos ajude a ser essa Igreja que Ele de nós quer fazer!
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