Celebramos hoje o nascimento de S. João Batista.
Filho desejado por Zacarias e Isabel mas inesperado na já sua velhice, João é dom de Deus (Yôḥānān: YHWH + חָנַן = Deus + Graça) a dois pais de idade avançada. João é também a primícia do dom que Deus dará ao seu povo e à humanidade: a vinda do Messias prometido.
“Grande diante
do Senhor” porque “repleto do Espírito Santo” e “com o espírito e o poder de
Elias”, reconduziu “muitos do povo de Israel ao Senhor seu Deus”, convertendo
os corações e preparando um povo bem disposto para acolher o Senhor.
De facto, como
diz o Quarto Evangelho, escrito também por um São João mas o Evangelista (padroeiro da Igreja de Alcarva), João (Batista) é um homem enviado por Deus que, não sendo a Luz,
veio para dar testemunho da Luz para que por meio dele todos acreditassem em
Deus, no seu filho Jesus e na chegada do Reino dos Céus.
Chamado por
Deus desde o ventre materno, a partir da idade juvenil João dedica-se a uma
vida de intimidade com Deus no silêncio do deserto, onde a Palavra de Deus se
lhe deu a ouvir de forma mais profunda. E, desde o deserto, a sua voz clamou:
“preparai o caminho do Senhor” (esta frase tão ressonante no tempo do Advento: de preparação do que há-de-vir, Jesus Cristo, Messias prometido).
Profeta que
liga o Antigo ao Novo Testamento, com a espada afiada da palavra da sua boca,
insurgia-se contra as injustiças e imoralidades do povo sem temer os poderosos.
O seu amor a Deus e à sua vontade e a sua fidelidade à verdade conquistaram-lhe
muitos seguidores que o ouviam com prazer, muitos até recebiam o batismo de
penitência e se convertiam, mas também lhe valeu os ódios de quem de forma pertinaz
queria permanecer em pecado, motivo que levou ao seu martírio.
João sabia bem que a sua missão não era ser o centro das atenções. [REPITO] Ele sabia bem que depois de si chegaria Aquele a quem não era digno de desatar as correias das sandálias e por isso humildemente se diminuía para que o número dos discípulos de Jesus crescesse. João prepara a vinda de Jesus, Messias enviado por Deus, apresentando-o como o Cordeiro de Deus [ ECCE AGNUS DEI ], mas vai-se progressivamente tirando de cena à medida que percebeu que Aquele que ele esperava vir, chegou.
Celebramos esta festa em honra de São João Batista com alegria e animação é certo, mas façamo-lo com moderação. Não esqueçamos que aquele que festejamos com euforia nos convidou à penitência. Não esqueçamos que aquele que festejamos com farra e algazarra “não comia pão nem bebia vinho” (Lc 7, 33) e muito menos - deixai que vos diga - se encharcava de cerveja [escritura diz-nos que se alimentava de gafanhotos e mel silvestre (cf Mc. 1,6)]. Não esqueçamos que aquele que que festejamos dando marteladas nas cabeças uns dos outros morreu decapitado, por fidelidade à verdade. Acima de tudo não esquecendo aquilo que Ele nos ensinou e testemunhou. Se ele, na vida terrena, não pediu para si mesmo as atenções, mas sim para o Cordeiro de Deus, não nos esqueçamos de dirigir a nossa atenção sobretudo para Jesus Cristo. Que esta festa nos leve a Jesus Cristo como João Batista levou a seus discípulos.
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