Doctrinam, quæ tenet, beatissimam Virginem Mariam in primo instanti suæ conceptionis fuisse singulari omnipotentis Dei gratia et privilegio, intuitu meritorum Christi Jesu Salvatoris humani generis, ab omni originalis culpæ labe præservatam immunem, esse a Deo revelatam atque idcirco ab omnibus fidelibus firmiter constanterque credendam.
A Gloriosa e sempre Virgem Maria foi abençoada por Deus
que a encheu da sua Graça em ordem às maravilhas que n´Ela, em favor
do resgate de toda a humanidade caída na ruína do pecado de Adão, quis por sua
inefável e benigna vontade o Criador iniciar.
O homem que fora induzido ao pecado — contra o propósito da
divina misericórdia — pela astúcia e pela malícia do demônio não devia mais
perecer. Devia, finalmente, ser resgatado pelo novo Adão, Messias prometido,
Filho de Deus.
Em ordem aos méritos futuros a alcançar pelo seu Filho, Deus
preparou-lhe uma Mãe da qual Ele encarnaria e na feliz plenitude dos tempos
nasceria. Essa Mãe, humana criatura, mereceu de Deus a mais singular benevolência
e amor. Por isto, cumulou-a admiravelmente, mais do que todos os Anjos e a
todos os Santos, da abundância de todos os dons celestes, tirados do
tesouro da sua Divindade.
«Era de todo conveniente que esta Mãe tão venerável
brilhasse sempre adornada dos fulgores da santidade mais perfeita, e, imune
inteiramente da mancha do pecado original, alcançasse o mais belo triunfo
sobre a antiga serpente; porquanto a ela Deus Pai dispusera dar seu Filho
Unigênito — gerado do seu seio, igual a si mesmo e amado como a si
mesmo — de modo tal que Ele fosse, por natureza, Filho único e
comum de Deus Pai e da Virgem».
«A Igreja Católica, que, instruída pelo Espírito de Deus, é
"a coluna e a base da verdade", sempre considerou como divinamente
revelada e como contida no depósito da celeste revelação esta doutrina
acerca da inocência original da augusta Virgem, doutrina que está tão
perfeitamente em harmonia com a sua maravilhosa santidade, e com a sua eminente
dignidade de Mãe de Deus; e, como tal, nunca cessou de explica-la,
ensina-la e favorece-la cada dia mais, de muitos modos e com atos solenes».
Crê, professa e celebra a Igreja Católica e todos os que dignamente
fazem uso do nome de católicos que a beatíssima Virgem, desde o primeiro
instante da sua criação, por uma especial graça e privilégio de Deus, por virtude
da graça proveniente do Espírito Santo, em vista dos méritos de Jesus
Cristo, seu Filho e Redentor do gênero humano, foi preservada imune de toda
mancha do pecado original e remida de maneira mais sublime.
A conceição de Maria deve ser venerada como singular,
maravilhosa, diferentíssima da de todos os outros homens, e plenamente santa.
Na realidade, na conceição imaculada da Virgem Maria «Deus anunciou os remédios
preparados pela sua misericórdia para a regeneração dos homens, confundiu a
audácia da serpente enganadora e reergueu admiravelmente as esperanças do
gênero humano, dizendo: "Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a
tua descendência e a dela"». «Em consequência disto, assim como Cristo,
Mediador entre Deus e os homens, assumindo a natureza humana destruiu o decreto
de condenação que havia contra nós, cravando-o triunfalmente na Cruz,
assim também a Santíssima Virgem, unida com Ele por um laço estreitíssimo e
indissolvível, foi, conjuntamente com Ele e por meio d’Ele, a eterna inimiga da
venenosa serpente, e esmagou-lhe a cabeça com seu pé virginal».
Maria é a nova arca de Noé que «construída por ordem de Deus,
ficou completamente salva e ilesa do naufrágio comum». Maria é a nova escada de
Jacob pela qual os céus e a terra se unem, os anjos podem descer até nós,
nós podemos subir até Deus, Deus pode encarnar e habitar entre nós e nós somos
convidados a entrar na morada eterna de Deus. Maria é a nova sarça inflamada
pelo fogo de Deus que nela arde mas não a consume nem faz sofrer dano algum, antes
continuava a verde e florida. Maria é o novo e augusto templo de Deus que refulgente
dos divinos esplendores está cheio da glória do Senhor.
Colocada, tanto quanto é possível a uma criatura,
como a mais próxima de Deus, ela tornou-se superior a todos os louvores dos homens e dos Anjos. Por
isso a louvamos: Bendita sois vós entre as mulheres ó Piíssima Virgem Maria
concebida sem a mancha do pecado! Em Eva «por uma mulher veio a morte», por
ti, Maria, «por uma mulher veio a vida; por Eva a desgraça, por Maria a
salvação; aquela corrompida seguiu o sedutor, esta integra deu à luz o Salvador».
Belo lírio és entre espinhos, plantado por Deus e por Ele defendido de todas as
insídias da serpente venenosa. Ajuda--nos a escapar dos dardos inflamados do
maligno e a permanecer na graça de Deus.
A partir da Ineffabilis Deus,
por Pe. João Miguel Pereira, 2024
Ler Também: HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II de Quarta-feira, 8 de Dezembro de 2004
Comentários
Enviar um comentário