"A VIRGEM MARIA, MÃE DA SANTA ESPERANÇA”

3 de Setembro – M.O. S. Gregório Magno, papa e doutor da Igreja – Lecionário para a Missa 37 “A VIRGEM MARIA, MÃE DA SANTA ESPERANÇA”

Neste dia a Igreja recorda São Gregório Magno que nasceu em Roma, por volta do ano 540. Após estudar Direito, ingressou na carreira política. Alguns anos depois, atraído pela vida monástica, decidiu retirar-se da política. Dedicou-se à oração, ao recolhimento, ao estudo da Sagrada Escritura e dos Padres da Igreja. Foi ordenado diácono e enviado a Constantinopla como Representante Apostólico, onde permaneceu seis anos. Com a morte do Papa Pelágio II, no ano 590, foi eleito seu Sucessor. Enquanto Papa, Gregório reorganizou a administração pontifícia e cuidou da Cúria Romana. Ele ofereceu os seus próprios bens à Igreja para ajudar os fiéis; comprou e distribuiu-lhes trigo; socorreu os necessitados; sustentou os sacerdotes e monges em dificuldade; pagou o resgastes de prisioneiros. Esforçou-se para assegurar a paz na Itália e organizou missões de evangelização entre os Visigodos da Espanha, os Francos e os Saxões. 

O Papa Gregório reformou a celebração da Missa, promoveu o canto litúrgico, que recebeu o nome de gregoriano e escreveu diversos textos de grande releve espiritual. O Papa Bento XVI aponta que S. Gregório «foi um leitor apaixonado da Bíblia» da qual, defendia que «o cristão deve tirar não tanto conhecimentos teóricos» mas «sobretudo o alimento quotidiano para a sua alma, para a sua vida de homem neste mundo».

Procuremos, ao longo destes dias que hoje estamos a iniciar, encontrar na Palavra de Deus que nos vai ser dirigida, na Celebração dos Santos Mistérios e no exemplo de Nossa Senhora do Pilar que afetuosamente aqui veneramos, esse alimento salutar para a nossa alma, a inspiração para a nossa vida neste mundo de modo a que a vida presente nos torne dignos de participar na vida do mundo que há-de vir.

Com humildade peço a benevolência da vossa atenção. Não vos querendo criar falsas expectativas, desde já vos previno que em nada este pastor vindo do continente, da afastada e montanhosa Beira-Alta, infelizmente agora triste e carbonizada, é melhor que os pastores que entre vós cuidam de semear a Palavra de Deus e inflamar o ano inteiro a chama da fé nos vossos corações.

Escutamos hoje as Leituras propostas pelo Lecionário das missas da Santíssima Virgem sob o título “a Virgem Maria, Mãe da santa esperança”

O Concílio Vaticano II, na Constituição Lumen Gentium (n. 68), afirma que a Virgem Maria “brilha como sinal de esperança segura e de consolação, para o Povo de Deus ainda peregrino, até que chegue o dia do Senhor (cf. 2Pd 3,10)”. 

Recordamos a Mãe do Senhor como fonte de esperança para a vida espiritual dos fiéis. Recordamos a Mãe do Senhor como a mãe da nossa Esperança. A nossa esperança que é o próprio Deus feito homem, em cujas promessas e obra da redenção se lança a âncora da nossa vida e a esperança do nosso coração. A nossa esperança é Jesus, bendito fruto do ventre da Virgem Maria.

Neste ano Jubilar, com o tema “Peregrinos de Esperança”, é verdadeiramente fortuito meditar em Maria como mãe da esperança. Aliás, na Bula de Proclamação, o Papa Francisco escrevia que «a esperança encontra, na Mãe de Deus, a sua testemunha mais elevada». A esperança de Nossa Senhora não é um ingénuo otimismo. Mesmo «aos pés da cruz, enquanto via Jesus inocente sofrer e morrer, embora atravessada por terrível angústia, repetia o seu “sim”, sem perder a esperança e a confiança no Senhor».

«A piedade popular continua a invocar a Virgem Santa como Stella Maris», Estrela do Mar. Ela é promessa de luz e orientação para os que andam no meio do mar, na escuridão da noite, no meio da tempestade ou mesmo quando o mar está calmo mas não sabem para onde ir. Nas noites da nossa vida, Maria não deixa que tudo fique escuro. Próxima de nós, Ela continua a brilhar para que uma réstia de luz nos permita ter esperança de que nem tudo está perdido. «Não brilha com luz própria, mas reflete a luz de Cristo, Sol derramado no horizonte da humanidade». «Nas tempestuosas vicissitudes da vida, a Mãe de Deus vem em nosso auxílio, apoia-nos e convida-nos a ter fé e a continuar a esperar».

Pensar Maria é encontrar a doçura «mais doce que o mel». Por isso recomenda a “Imitação da Bem-aventurada Virgem Maria” (de Tomás de Kempis): «Medita frequentemente nas ações e palavras da [sua] Santíssima Mãe, que serão de enorme consolação para a alma e mais perfumadas do que todos os aromas». Assim o experimentou São Tiago Maior, quando desanimado e tentado a desistir da missão evangelizadora devido aos escassos frutos na Hispânia romana, experimentou a presença da Virgem Maria sobre o Pilar de jaspe, que com suas palavras o animou. Maria estimulou a esperança do Apóstolo de seu Filho. Maria estimula a esperança de todos nós, discípulos de seu Filho.

Queridos irmão e irmãs: Nas dores e aflições, nas doenças e prisões, nos anseios e desilusões, nas fadigas e desorientações, nos insucessos e frustrações… não desvieis de Maria o vosso olhar! Ela, a Virgem do Pilar, há-de sempre vos acalmar, curar, orientar, amparar, animar… há-de sempre reacender a esperança em seu Filho Jesus, porque bem sabemos que ela não deixa de interceder junto d´Ele para que nos dê o vinho da alegria, o melhor vinho, o da felicidade verdadeira e perpétua. Por tudo isso, São Bernardo recomendava com ardor: «Olha para a Estrela, invoca Maria… Nos perigos, nas angústias, nas incertezas, pensa em Maria, invoca Maria. Não se afaste o seu nome dos teus lábios, não se afaste do teu coração… Se a seguires, não te perdes, rezando-lhe não desesperas, pensando nela não erras. Se te ampara, não cais; se te protege, não temes; se te guia, não te cansas; se te concede os seus favores, chegas a bom porto».

 

Mãe nossa para a Eternidade,
Filha excelsa de Sião,
Destino da nossa predileção.
Glória do novo Israel,
Templo dourado de Jerusalém,
Caminho debruado de virtude.
Mãe do Amor formoso, nossa esperança,
Ele que é para nós Caminho, Verdade e Vida.
Sois a nova Arca da Aliança,

 



Doce mel que nos deu os céus.
Nos ensinais a dar o “sim” a Deus,
A fazer tudo o que Ele nos disser.
Porque, pela tua intercessão, Mulher,
Não nos faltará alegria qualquer.
Em ti, nossos olhos se põem,
Porque os teus olhos pões em Deus
E, por ti, para os filhos seus e teus:
O bom vinho há-de vir.

 

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