RECONCILIAÇÃO E PENITÊNCIA

(adaptado de ‘O livro das minhas Orações’, por Pe. João Miguel Pereira)

 Ver: Sobre o Sacramento da Reconciliação

Para se fazer uma boa confissão são necessárias as seguintes condições:

1) O exame de consciência: Consiste em trazer diligentemente à lembrança as faltas cometidas depois da última confissão.

2) O arrependimento: É a parte essencial da confissão. Consiste no arrependimento interior e sobrenatural de ter ofendido a Deus.

3) O propósito de emenda: É o compromisso sincero de não voltar a pecar e de fugir das ocasiões próximas de pecado.

4) A confissão: É a acusação de todos os pecados feita com sinceridade, clareza e humildade.

5) A reparação: É a penitência que nos impõe o confessor e toda a obra penitencial voluntária que busca reparar o dano provocado pelo pecado e a emenda de vida.

Quando fazemos uma confissão bem feita, o sacerdote dá-nos, pela graça do seu ministério sacerdotal, o perdão de Deus e reconcilia-nos com a Igreja. Jesus também disse que há maior alegria no Céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisem de perdão. Por isso, cada um de nós sente uma imensa alegria quando se confessa, porque nos reconciliamos com Deus e com os irmãos. A confissão pode verdadeiramente ser chamada «o sacramento da alegria reencontrada».


ORAÇÃO ANTES DA CONFISSÃO

 Meu Senhor e meu Deus, dai-me luz para conhecer os meus pecados, as causas deles e os meios para os evitar. Dai-me fortaleza para os confessar com toda a fidelidade e verdade, para merecer agora o vosso perdão e a graça da perseverança final. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amen.

 

EXAME DE CONSCIÊNCIA

 1.º Tenho posto em dúvida ou negado deliberadamente alguma verdade da fé? Li algum livro contra a religião ou vi algum programa imoral no cinema, televisão ou teatro? Abandonei os meios necessários para a salvação: a oração, a eucaristia dominical, os sacramentos, etc.? Não tenho procurado adquirir a necessária formação religiosa, de acordo com a minha condição? Falei sem respeito das coisas santas, da Igreja ou dos seus ministros? Pratiquei a superstição, a adivinhação, a bruxaria, ou o espiritismo? Abandonei o convívio com Deus, na oração e nos sacramentos, ou faço-o de má vontade? Recebi indignamente algum sacramento? Comunguei apesar de estar em pecado grave? Não tenho posto Deus sempre em primeiro lugar na minha vida e procurado amá-l'O sobre todas as coisas? Respeitei a natureza como dom concedido por Deus? Procuro reciclar, poupar a água, não fazer fogueiras desnecessárias, não atirar lixo para o lugar inapropriado, não comprar mais do que aquilo de que realmente necessito e não poluir?

2.º Blasfemei ou disse palavras injuriosas contra Deus, contra os Santos ou contra as coisas santas? Tenho o hábito de dizer palavrões? Jurei, sabendo que era falso o que afirmava? Jurei fazer algo injusto ou ilícito? Não reparei os prejuízos que daí advieram? Deixei de cumprir algum voto ou promessa? Faltei à verdade?

3.º Faltei voluntariamente à Missa num domingo ou festa de guarda? Trabalhei e fiz trabalhar nos Domingos e festas de guarda (em ocupações não essenciais que podiam ser adiadas)? Não creio em tudo o que a Santa Igreja Católica me ensina ou contestei alguma afirmação dogmática? Não guardei abstinência nas sextas-feiras da Quaresma (segundo a recomendação da nossa Conferência Episcopal)? Não jejuei na Quarta-feira de Cinzas e em Sexta-Feira Santa? Não me confessei ao menos uma vez por ano? Não comunguei por altura da Páscoa para cumprir o preceito pascal? Omiti por vergonha algum pecado grave na última confissão e continuei a comungar?

4.º Não obedeci aos meus pais e legítimos superiores? Não lhes manifestei amor e respeito? Entristeci-os? Zanguei-me com alguém? Maltratei o meu próximo? Não me preocupei com aqueles que vivem e trabalham comigo? Dei mau exemplo aos meus filhos ou subordinados, não cumprindo os meus deveres religiosos e civis? Ameacei, maltratei, prejudiquei alguém, principalmente os meus familiares? Não evitei os conflitos com os filhos, não fui suficientemente afável com os outros? Discuti com a minha esposa (ou marido)? Tenho-a(o) ajudado ou abandonado?

5.º Causei prejuízos ao próximo com palavras ou com obras? Desejei-lhe mal? Manifestei ou alimentei ódio ou rancor por alguém? Deixei de falar com alguém? Escandalizei o meu próximo, incitando-o a pecar, com as minhas conversas, o meu modo de ser ou de vestir? Cheguei a ferir ou a tirar a vida ao próximo? Colaborei ou realizei algum aborto? Fui imprudente na condução de veículos ou conduzi sob efeito de álcool? Deixei-me vencer pela ira? Cometi algum atentado contra a minha vida? Embriaguei-me ou levado pela gula comi demasiado, ou o que não devia? Tomei drogas? Nãoavisei o meu próximo sobre certos perigos materiais e espirituais em que incorria? Coloquei a vida de alguém em risco com a minha irresponsabilidade? Matei o bom-nome na praça pública de alguém?

6.º e 9.º Consenti em pensamentos e desejos impuros? Fixei o olhar com malícia, li ou falei de coisas desonestas? Fiz ações impuras? Sozinho ou acompanhado? E havia alguma circunstância de parentesco, de menoridade ou de relação educativa que tornassem mais grave ainda esta desordem? Fui infiel no matrimónio faltando à fidelidade conjugal por pensamentos e ações? Mantenho amizades particulares que facilmente me levam à infidelidade e estou disposto a abandoná-las?

7.º e 10.º Roubei algum objeto ou quantia em dinheiro? Reparei esses prejuízos causados e restituí o que não me pertence? Defraudei a minha família no uso dos bens? Paguei o justo salário? Cumpri rigorosamente os meus deveres sociais, tais como os seguros, os impostos e os compromissos políticos ou públicos assumidos? Dei o meu apoio a programas ou partidos anti-cristãos, que defendem a prática do aborto, da eutanásia, da prostituição e outras ideias contrárias à moral cristã e à liberdade de culto? Prejudiquei de alguma forma o meu próximo nos seus bens, roubando ou danificando o que lhe pertence? Roubei a alegria a alguém? Enganei o meu próximo cobrando mais que o justo combinado ou favoreço a exploração comercial? Não trabalhei como devia com honradez e responsabilidade? Deixei que se produzissem graves prejuízos através do meu trabalho? Facilito o trabalho dos outros ou estorvo-o de alguma maneira, por exemplo com discussões, desincentivando-os ou procurando subir na carreira à custa dos outros? Abusei da confiança dos meus superiores? Fiz discriminação ou marginalização de pessoas ou manifestei favoritismos? Gastei demais para além do que permitem as minhas possibilidades e o orçamento familiar? Não ajudo a Igreja nas suas necessidades com os auxílios necessários e até tirando do meu supérfluo ou dos meus maus gastos? Não dou esmolas de acordo com a minha condição económica?

8.º Disse mentiras? Não reparei os prejuízos causados? Minto habitualmente com a desculpa de serem coisas de pouca importância? Revelei defeitos graves dos outros, sem justa justificação, ou revelei algum segredo que me foi confiado? Não disse bem dos outros reparando deste modo alguma injustiça realizada ou consentida? Caluniei e difamei alguém? Colaborei na calúnia e na murmuração?

 

ATO DE CONTRIÇÃO

 Simples:

Meu Deus, porque sois tão bom, tenho muita pena de Vos ter ofendido; ajudai-me a não tornar a pecar. Amen.

 Completo:

Meu Deus, porque sois infinitamente bom, eu Vos amo de todo o meu coração, pesa-me por Vos ter ofendido, e, com o auxílio da vossa divina graça, proponho firmemente emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender; peço e espero o perdão das minhas culpas pela vossa infinita misericórdia. Amen.

“Compadecei-Vos de mim, ó Deus, pela vossa bondade, pela vossa grande misericórdia apagai os meus pecados. Lavai-me de toda a iniquidade e purificai-me de todas as faltas” (SI 50). 

DEIXEI DE FAZER O BEM QUE PODIA TER FEITO?

As obras de misericórdia corporais:

1ª Dar de comer a quem tem fome; 2ª Dar de beber a quem tem sede; 3ª Vestir os nus; 4ª Dar pousada aos peregrinos; 5ª Assistir aos enfermos; 6ª Visitar os presos; 7ª Enterrar os mortos.

As obras de misericórdia espirituais:

1ª Dar bom conselho; 2º Ensinar os ignorantes; 3ª Corrigir os que erram; 4ª Consolar os aflitos; 5ª Perdoar as injúrias; 6ª Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo; 7ª Rezar a Deus por vivos e defuntos.

Bem-aventuranças:

Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os pacificadores (construtores da paz), porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sereis quando vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem toda a espécie de calúnias contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus. [Evangelhos de São Mateus (5,1-12) e de São Lucas (6, 20-49)]

ACÇÃO DE GRAÇAS DEPOIS DA CONFISSÃO

 Como é grande, Senhor, a vossa misericórdia! Vós me abraçastes como vosso filho e me cumulastes do vosso amor. Agradeço-Vos, Senhor, e prometo, com a ajuda da vossa graça, amar-Vos cada vez mais e nunca me separar de Vós. Jesus, cheio de bondade, concedei-me que me mantenha fiel até ao fim. Fazei que sempre deseje e busque o que Vos agrada. Que a vossa vontade seja a minha, e que a minha se identifique completamente com a vossa. Virgem Santíssima, ajudai-me: Vós sois a Mãe da perseverança, Vós sois a razão da minha esperança. Intercedei por mim; guardai-me na graça de Deus, límpido e feliz, como estou neste momento. Cuidai dos meus sentidos, da minha inteligência, e que o meu coração seja fiel a Deus até à morte. Amen.




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